Transposição do velho chico em poesia

Boom boom baum
Há trabalho no sertão.
Mas por muito tempo ainda
Vai continuar a luta pelo o pão.
E não esqueçamos que aqui 
Há o laboral regado pela escravidão.

“Aqui nóis trabaia um muntão,
Pois o coroné precisa
Se manter como patrão”.

As crianças estão sempre a chorar,
Pois o alimento é escasso 
E  na mesa, está sempre a faltar.

Pela manhã, 
come-se arroz,
Pois o feijão está a cozinhar;

À noite,
Come-se feijão com farinha,
Quando há o jantar;

De vez em quando
Há uma segunda refeição,
Já no fim da linda tardinha,
Que despede do solarão

A vida das aves também é dura
Como a do sertanejo,
Voam o dia todo em busca de pão.
No final do dia,
O que conseguem é a exaustão.

Boom boom baum
O governo se alegra com a irrigação;
Acredita que ela é a única solução,
Para fixar o homem no sertão.

Mas quando os sertanejos tiverem a água,
Muitos peixes morrerão;
Com eles irão população ribeirinha,
Que retira no velho Chico
A única refeição.

Boom boom baum
Haverá muito trabalho no sertão,
Com essa tal de transposição;
Muitos frutos hão de se produzir,
Aqui nesse rincão;

Assim os europeus sorrir, irão,
Uma vez que tudo 
que produz aqui
Será destinado à exportação.

Há sertanejo acredita em milagre
Da tal transposição,
Pois o Chico vai molhar o sertão.
Quanta ilusão!

Sertão, transposição, Pão, solução, 
Toda essa mistura de sons
Reflete mais um ato político
Cativando quem vela pelo sertão.

Boom boom baum
Tem que haver solução para o sertão.
Água, comida, remédio, trabalho e
Governos que respeitem essa região.

É preciso existam políticos
Que tragam a real solução;
Que disponham a ajudar esse povo
Não somente durante eleição.

Aqui tudo se promete antes da votação;
Depois eles somem,
Como grão de areia atirado ao chão;
Só nos deixam uma certeza,
De que voltarão na próxima eleição.

Boom boom baum
Como sofre o homem do meu sertão,
Boia fria, pela madrugada a se levantar,
Sai de casa sem garantia
de que vai retornar.

Duro dia de trabalho;
Na espalda, somente a dor,
Maltrapilho e sem sorriso,
dia um dia aterrorizante pelo calor.

Na dureza da vida do sertão,
Escondem-se o inferno e o paraíso
Quiçá a desilusão.

Por Geraldo Genetto Pereira
Professor, escritor, blogueiro, youtuber.
Formação: Licenciatura e Mestre em Letras pela UFMG.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

9 ano - prova de português - modalizadores - exercícios com gabarito

Ensino médio - exercícios de modalização em textos - com gabarito

Competências e habilidades de língua portuguesa - organizadas conforme a BNCC.