Projeto Química do Amor
I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Disciplinas: Português, Literatura, Redação, Artes e Química.
Faixa etária: 14 a 18 anos.
Público-alvo: Alunos que estejam cursando o Ensino Médio.
II. Objetivo
Trabalhar a questão amorosa sob diversos ângulos: desde o ponto de vista das substâncias químicas que são ativadas no corpo do apaixonado até o amor como emoção e expressão poética e as diferentes visões do amor ao longo da história.
III. PREPARAÇÃO
Inicialmente, faremos uma breve apresentação do objetivo geral da oficina e explicaremos como funciona uma oficina, frisando a importância da interação em grupo e do trabalho coletivo. Para que o trabalho que pretendemos desenvolver na oficina seja bem sucedido, é necessário que os participantes consigam interagir uns com os outros. Objetivando facilitar este processo, desenvolveremos técnicas de interação de grupo, tais como:
- Pedir a cada um dos integrantes da oficina que se apresente, dizendo o nome, idade, série, turma.
- Nesta apresentação pessoal, perguntar o porquê de terem se inscrito para esta oficina –assim já podemos delinear objetivos comuns e ir traçando o perfil do grupo.
- Perguntar quais são as expectativas individuais e coletivas de participação da oficina; o que cada um pretenda atingir com a realização das atividades propostas.
IV. DESENVOLVIMENTO/EXECUÇÃO
A execução da oficina ocorrerá por etapas, que serão trilhadas a partir de diferentes momentos:
Momento 1
Perguntas.
Após a etapa preparação, perguntaremos aos alunos:
- O que você acha que é amor?
- O que você gostaria de saber sobre o amor?
- Quais as sensações que o amor desperta?
- O que se passa na cabeça de alguém que ama?
- Após realizarmos estas perguntas, pediremos aos alunos que elaborem perguntas aos colegas, no sentido de tecer uma investigação mais profunda acerca das convicções individuais acerca das questões amorosas.
Momento 2
Trabalho com textos.
Nesta etapa do trabalho, aprofundaremos a discussão acerca das dimensões levantadas na avaliação 1. Trabalharemos, então, textos em que possamos discutir as dimensões propostas –e outras que possam eventualmente surgir das discussões:
- Texto 1: A química do amor
- Texto 2: Soneto da fidelidade
- Texto 3: Poema de Ana Cristina César
- Texto 4: Amor e sedução
Após realizarmos a leitura dos textos em voz alta, pediremos aos participantes que teçam comentários acerca da visão do amor presente em cada um dos textos, dizendo com o que concorda, discorda ou percebe.
Momento 3
Elaboração de entrevista.
Neste momento da oficina, os alunos se dividirão em grupos –diferentes dos grupos formados na avaliação 3, para que cada participante possa interagir com pessoas diferentes –e cada grupo elegerá uma avó/ avô, uma mãe/pai e uma irmã/irmão a ser entrevistado(a).
A entrevista visará à apreensão da visão de amor nas diferentes gerações. Antes, porém, de realizar a entrevista, o grupo deverá elaborar, conjuntamente, as perguntas que serão feitas aos entrevistados. Cada grupo terá um relator –sendo que o participante que foi relator em outra atividade não poderá sê-lo nesta –que ficará responsável por anotar as perguntas de cada grupo.
Então, todos os participantes da oficina escolherão as perguntas –a partir das perguntas elencadas de cada grupo –que serão feitas efetivamente pelos grupos, pois as perguntas feitas deverão ser as mesmas, para que as respostas possam ser contrastadas a partir de um mesmo parâmetro. Depois disso, os participantes sairão a campo e entrevistarão as pessoas escolhidas por cada grupo.
Momento 4
Elaboração de dramatização
Nesta etapa, será pedido aos participantes que leiam as redações que cada um produziu em voz alta. Depois da leitura das redações, procuraremos levantar, de maneira mais geral, o que foi visto como semelhante e diferente em e entre cada geração e traçaremos um quadro de características amorosas.
A partir do quadro geral de características, os alunos montarão, em conjunto, uma dramatização. Para isto, os participantes se dividirão em equipes:
- Equipe de roteiro. Esta equipe será responsável pela elaboração do texto da peça.
- Equipe de atores. Esta equipe será responsável pela encenação do texto da peça.
- Equipe de figurino. Esta equipe será responsável pela criação das roupas e da maquiagem dos atores.
- Equipe de som, iluminação e cenário. Esta equipe será responsável pela ambientação da peça.
A avaliação ocorrerá após a execução de cada um dos momentos propostos. A proposta é de uma avaliação qualitativa, que propicie um momento de reflexão dos professores e dos alunos acerca de cada um dos momentos de execução da oficina, o que permitirá uma preparação mais flexível e, até mesmo, sistemática da etapa seguinte.
Avaliação 1
Diagnóstico das respostas
À medida que cada um dos participantes for respondendo, pediremos aos outros que tentem encaixar a resposta do colega em grandes linhas temáticas, que correspondem às dimensões que pretendemos tratar na oficina:
- Dimensão física
- Dimensão mental (racional)
- Dimensão emocional (emoção)
- Dimensão familiar (família)
- Dimensão histórica (história)
Avaliação 2
Correlação entre os textos
Pediremos aos participantes que se dividam em pequenos grupos – cerca de 5 componentes –e que cada grupo discuta a visão amorosa presente em cada um dos textos e a dimensão a que esta visão amorosa está associada, correlacionando os textos em questão com o respectivo momento histórico em que cada um deles foi escrito. Para isto, o grupo empreenderá uma pesquisa na Internet. Cada grupo terá um relator responsável por resumir as discussões do grupo e os resultados a que chegaram. A introdução desta dimensão histórica preparará os alunos para a próxima etapa da oficina.
Avaliação 3
Análise das entrevistas
Após a realização das entrevistas, os relatores dos grupos apresentarão as respostas obtidas. A partir da apresentação das respostas, os membros da oficina deverão estabelecer uma comparação entre as respostas obtidas, tentando estabelecer, primeiramente, as semelhanças entre as respostas das pessoas da mesma idade e, depois desse diagnóstico pronto, estabelecer as semelhanças e diferenças que aparecem entre as gerações. Depois de estabelecer este quadro de semelhanças e diferenças, cada um deverá redigir um texto em que apresente, em forma de argumentos, o quadro de semelhanças e diferenças intra e intergerações.
Avaliação
Execução da dramatização
Após a divisão dos participantes em equipes, cada equipe será responsável por desenvolver, em conjunto com as outras, a parte que lhe cabe. Para isto, é necessário que os membros das equipes assumam funções. As equipes, então, terão que desenvolver um plano de trabalho –com objetivos, metodologia, tempo de execução e funções de cada membro. As etapas terão que ser cumpridas no prazo proposto e, naturalmente, com a colaboração entre os grupos, já que se trata de um trabalho em que há uma interdependência entre as equipes. Ao final, a peça será encenada para a comunidade escolar.
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CÉSAR, Ana Cristina. “Acreditei que se amasse de novo...”. Disponível em:
<http://www.todas.com.br/anacesar.htm>. Acesso em: 14 nov. 2005.
HERNÁNDEZ, Fernando. Os projetos de trabalho: uma forma de organizar os conhecimentos escolares. In: A organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. (5a. ed)
MORAES, Vinícius de. Soneto da fidelidade. Disponível em: <students.fct.unl.pt/users/pcd/vinicius/sonetos/fidelidade.htm>. Acesso em: 14 nov. 2005.
RUAS, Cibele. Amor e sedução. O Tempo. Belo Horizonte, 10 abr 2001. Opinião.
VII. ANEXOS
Acreditei que se amasse de novo
Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos.
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos.
( Ana Cristina César. In: Contagem regressiva – Inéditos e Dispersos)
Soneto da fidelidade
De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes
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