Proposta de dissertação - o perigo de uma história única

 TEXTO I – “O perigo de uma história única”: a construção da identidade africana negra no romance Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie

[...]

Durante muitos anos, ouvimos histórias sobre o continente africano - das suas guerras, catástrofes, doenças e fomes - que se tornaram a única verdade sobre África. É importante sabermos que cada história tem dois lados, e nunca podemos ouvir apenas uma das versões.

Segundo a escritora Chimamanda, em O perigo da história única, cria-se uma única história, quando mostramos um povo como se fosse somente uma coisa, um objeto do discurso dos outros. Para a escritora, é impossível falar da história única sem se falar de poder, uma vez que quem conta a história única é quem detém poder, seja ele económico, político ou epistémico. O poder, para além de ter a capacidade de contar a história de outra pessoa, consegue fazer com que esta história seja definitiva. Para Léila Gonzalez: A hierarquização de saberes como produto da classificação racial da população dá o privilégio social e epistémico à ciência eurocêntrica. (Ribeiro, 2017, p. 26).

A pensadora considera que quem possui o privilégio social possui o privilégio epistémico. Por sua vez, o escritor Mourid Barghouti, afirma que para desapropriar um povo, a forma mais simples de o fazer é contar a sua história, começando por “Em segundo lugar’” (Adichie, 2009, p. 11).

De igual modo, Susana Galante (2010) considera que os media têm grande influência na construção das histórias únicas, uma vez que fomentam a perpetuação dos estereótipos e discriminação das minorias étnicas e raciais. Através dos meios de comunicação, a estrutura de poder consegue comunicar-se com a sociedade. Na sua análise aos periódicos Público e Diário de Notícias, embora considerados jornais de “referência” pela sociedade portuguesa, estes são, contudo, imparciais, ao estarem munidos de preconceitos e estereótipos traduzidos na escrita.

 

Somos uma geração que consome bastante cultura pop americana. Durante anos, por influência dos media, da música e filmes. Em 2005, com o avanço das novas tecnologias de informação que foram surgindo, como o YouTube e, em 2009, o Facebook, e, posteriormente, outras redes sociais, o consumo tornou-se cada vez maior e a influência e o controlo sobre as vidas das pessoas aumentaram.

A autora salienta ainda que, ao atribuir a nacionalidade ou etnicidade a um indivíduo, o jornalista fomenta, através de “rótulos”, a percepção das minorias enquanto grupos, consequentemente, associam os indivíduos desses grupos aos mesmos comportamentos negativos e assim anulam os indivíduos enquanto pessoas.

https://www.buala.org/pt/mukanda/o-perigo-de-uma-historia-unica-a-construcao-da-identidade-africana-negra-no-romance-american. Acesso em 27 jul. 2022.

 

TEXTO II “Ouvir ou não ouvir "as duas partes"

 Se há "regra de ouro" consensualmente assumida e sistematicamente invocada, a propósito do trabalho jornalístico, é a regra de "ouvir as duas partes". Trocado por miúdos, significa isto que, na abordagem de qualquer matéria em que se conheça (ou presuma...) a existência de diferentes interesses ou pontos de vista, o jornalista deve ouvi-los todos, dando a cada um idênticas possibilidades de expressão. O texto publicado será, assim, um mosaico de opiniões mais ou menos contrastantes, apresentado de forma distanciada das partes em confronto - e que, por isso mesmo, não comporta em si qualquer juízo de valor, mas fornece aos leitores elementos bastantes para eles próprios, querendo, ajuizarem.

O cumprimento escrupuloso deste "princípio do contraditório" - que é também, como se sabe, alicerce basilar de qualquer processo judicial - torna-se especialmente relevante quando alguém é acusado por outrem. Aí, a concessão do elementar direito de defesa a quem se sente ofendido pode mesmo levar (como tantas vezes sucede) ao adiamento de publicação de interessantes matérias jornalísticas, precisamente por se entender que, sem a versão da "outra parte", essas matérias ficam inapelavelmente "coxas". Ao profissional da informação cabe o dever incontornável de, por todos os meios ao seu alcance, conseguir a versão da parte ofendida, com a única ressalva de que não pode prolongar o processo indefinidamente quando estão em causa assuntos de óbvio interesse público. [...]

https://www.publico.pt/2000/01/23/jornal/ouvir-ou-nao-ouvir-as-duas-partes-139045. Acesso 27 jul. 2022.

 

Texto III.

Assim como existem dois lados de cada história, existem dois lados de toda pessoa. Um lado que revelamos ao mundo e outro que mantemos escondido.

(Emily Thorne)

  Atenção! Leia, cuidadosamente, a proposta de redação abaixo.

 

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo sobre o TEMA: O PERIGO DE UMA HISTÓRIA ÚNICA.

Use a norma padrão da língua portuguesa

 MÍNIMO: 20 LINHAS

 

 

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